Historia do Projeto

  Nada acontece por acaso. Tudo tem um começo, um porquê, uma história. Esta caminhada de SMP não caiu do céu; não nasceu da noite para o dia. Nasceu no ‘jardim das CEBs’ (Comunidades Eclesiais de Base), como canta Pureza, animador de CEBs e um dos parteiros destas SMP.

 Começou aos poucos, em 1989, entre alguns agentes pastorais e animadores de comunidades. Nos reuníamos durante cursos de formação ou nas casas dos animadores/ as especialmente no sul do Pará, então região sofrida e violentada pela ganância do latifúndio selvagem. Conversávamos sobre coisas da vida, sobre boas notícias que iam acontecendo, sobre problemas, dificuldades e desafios que víamos pela frente. Nossos trabalhos pastorais, apesar de tanta dedicação, não conseguiam chegar até às massas dos católicos afastados, sobretudo nas periferias das cidades.

 Percebíamos, aqui e acolá, um certo vazio de convicções profundas. Sabíamos que não era por falta de metodologias pastorais nem de cursos de formação, mas de algo mais profundo. Mesmo alguns cursos bíblicos não faziam “arder o nosso coração”, como aconteceu com os dois discípulos de Emaús, quando Jesus lhes explicava as Escrituras (Lc 24,32).

 No entanto varias Igrejas, sobretudo pentecostais, vinham crescendo e avançando a um ritmo impressionante. Não queríamos brigas religiosas, mas esse crescimento rápido nos preocupava e nos questionava. Víamos comunidades numa rotina cansativa, com celebrações sem vida. Desentendimentos corriqueiros afastavam pessoas das comunidades.

 Que fazer diante disso? Buscávamos soluções, não estávamos desanimados. Tínhamos uma grande vontade de fazer avançar a caminhada das comunidades; queríamos que elas crescessem em qualidade e quantidade; que entrassem em um fecundo processo de conversão permanente; que fossem mais acolhedoras e mais missionárias; que continuassem firmes e solidárias na defesa dos mais pobres. Queríamos testemunhar e comunicar a beleza do Evangelho de Jesus Cristo a muita gente, mas sem impor, sem fanatismo.

 Nossas conversas eram longas e animadas, tocávamos vários assuntos, mas bem ligados. Convidávamos outras pessoas interessadas, pois queríamos tomar alguma decisão concreta. De repente, durante uma conversa, uma luz. Alguém perguntou: “E por que nós mesmos não realizar Santas Missões?”. Após uma primeira reação, tipo ‘deixa pra lá, não é da nossa conta’, a pergunta começou a mexer e interpelar. De fato, as Missões falam alto ao coração das massas católicas; fazem parte do universo cultural religioso popular; despertam energias novas, fazem sonhar.

 A sugestão pegou. Decidimos logo que, se era para fazer, os missionários deveriam vir do meio do povo, cheios de ternura solidária e de coragem profética. Queríamos Missões mais perto dos anseios e das preocupações do povo, mais existenciais, mais carregadas da profunda experiência de Deus, mais participativas. Deveriam estar comprometidas com a transformação da sociedade, das pessoas. Entre uma e outra conversa definiu-se o nome. Chamariam-se SANTAS MISSÕES POPULARES.